"A criancinha precisa de cuidar de si, de apegar-se ao que lhe é necessário, defender-se dos elementos estranhos, a fim de poder desenvolver-se. É nessa idade que ela desconhece quaisquer direitos alheios, inclusive o de propriedade.
Na medida em que vai deixando de ser criança, vai também perdendo o egotismo. Vai descobrindo os outros.
Na medida em que vai deixando de ser criança, vai também perdendo o egotismo. Vai descobrindo os outros.
Na adolescência, as preocupações sociais brotam com vigor realmente humano. O adolescente, se não é mal servido de constituição nem infantilizado pela má educação, volta-se para os outros. Sai dos limitados círculos da família, dos companheiros de jogos e dos colegas da escola, e abre-se para a sociedade.
Mas não se desliga de um golpe da fase anterior. E apresenta contradições, oscilando entre rasgos de generosidade e manifestações de egoísmo. Mais se interessa pelos problemas de fora e de longe mais que pelos da família ou da vizinhança. Não será muito capaz de iniciativas pessoais, mas se integrará com gosto nos grupos de acção. Nesta idade, mais do que na infância, reclama compreensão.
Mas não se desliga de um golpe da fase anterior. E apresenta contradições, oscilando entre rasgos de generosidade e manifestações de egoísmo. Mais se interessa pelos problemas de fora e de longe mais que pelos da família ou da vizinhança. Não será muito capaz de iniciativas pessoais, mas se integrará com gosto nos grupos de acção. Nesta idade, mais do que na infância, reclama compreensão.
Pode, porém, acontecer que não evoluam normalmente, os sentimentos da criança, e ela passe do egotismo ao egoísmo. É uma tendência má, como qualquer outra, e pode ser corrigida ou agravada pela educação.
A influência do lar é de suma importância, aqui como nos mais sectores da formação. Os filhos imitam insensivelmente os sentimentos dos pais. Aprendem o que se faz e se diz em casa, ao longo dos dias, despreocupadamente, sem a intenção formal dos conselhos (contra os quais se põem em guarda).
Se os pais se manifestam egoístas na presença das crianças, nas conversas, nos comentários aos factos quotidianos, na maneira de encarar os negócios, no cultivo das amizades, nas atitudes políticas, no modo de tratar os empregados – os filhos absorvem suas lições adesivas e marcantes.
Podem até, sem esta intenção, ensinar indiretamente o egoísmo, quando satisfazem ao filho desejos que contrariam ou sobrecarregam a irmãos e empregados. Sim, porque ninguém pode satisfazer-se à custa de direitos alheios.
Se, pelo contrário, são os pais caridosos, é na própria vida que dão às crianças a mais eficiente educação social, tornando-as, por sua vez, abertas sobre as necessidades do próximo e generosas em acudi-las. Resistem, ainda assim, certos germes de egoísmo. Mas esta é a melhor maneira de combatê-los." (extraído de: "Como educar o filho (a) egoísta")
Depois de ler isto entendo muita coisa. Percebo, principalmente, porque é que o esforço que fazemos em transmitir valores e educação útil aos dois do meu-mais-que-tudo, é tão infrutífera.
Assistimos ao evoluir dos dois cá de casa, e dia após dia, mês após mês, ano após ano, verificamos que o rumo está a ser seguido e que vão passando as várias fases evolutivas como pessoas, e é um gosto ver o trabalho que temos dar frutos, vendo-os a transformarem-se em seres humanos adultos.
A imitação insensível dos pais pelos filhos, quando o exemplo não é a caridade e o respeito pelos outros, resulta em filhos que caminham na direcção do egoísmo e de serem seres humanos que nunca chegam a um estado adulto completo e equilibrado, mantendo a infantilidade desajustada.
Este é um problema que vai para além da indisciplina simples. Habitualmente rotula-se de "mal-educado" uma criança respondona ou inoportuna, mas esta deficiência de educação é mais profunda , grave e de marcas mais definitivas. Num caso destes até pode não haver más respostas ou manifestações de não acatar o que se lhes diz, até um ar de subordinação exagerado, porém a falha está a um nível mais profundo, ao nível dos valores. Há uma obediência dissimulada que na prática se revela num "fazer pela calada" que com o avançar na idade toma proporções cada vez mais graves e inadmissíveis.
Este é um problema que vai para além da indisciplina simples. Habitualmente rotula-se de "mal-educado" uma criança respondona ou inoportuna, mas esta deficiência de educação é mais profunda , grave e de marcas mais definitivas. Num caso destes até pode não haver más respostas ou manifestações de não acatar o que se lhes diz, até um ar de subordinação exagerado, porém a falha está a um nível mais profundo, ao nível dos valores. Há uma obediência dissimulada que na prática se revela num "fazer pela calada" que com o avançar na idade toma proporções cada vez mais graves e inadmissíveis.