terça-feira, 28 de agosto de 2007

Realização Pessoal


Em que consiste? Que requisitos?
Como o próprio nome diz é pessoal, logo pode diferir de individuo para individuo.
Não percebo esta tendência natural que todos têm de avaliar a vida do outro tendo como bitola o que entende ser realizador ou não. É que o que é e não é satisfatório para o avaliador pode não ser (e quase nunca é) o que é para o avaliado.

Dentro deste tema acho interessante quando mulheres avaliam a vida de outras achando que são frustradas, ou infelizes segundo os seus padrões.
Durante muitos séculos ser uma mulher realizada era ser boa dona de casa, boa mãe, boa esposa, ter um bom marido...

Hoje é um pouco diferente, mas isso não quer dizer que seja a antítese. Podem conciliar-se (ás vezes a custo) objectivos profissionais e familiares. Não é por ter objectivos de carreira que a mulher deixou de se realizar em outras coisas que já fazia.

E ainda há as que têm como requisito principal para serem felizes educarem os filhos, tratarem da casa e ter um bom marido. Tal como nos outros séculos também havia as que gostariam de abdicar de tudo isto e apostar numa carreira.

O que me faz mais confusão é a falta de capacidade de nas duas épocas aceitarem e entenderem a existência do que não é comum. Hoje, uma mulher que diga que se sente realizada estando em casa dedicando-se à família é vista como um bicho tão raro como há uns séculos uma mulher querer ter uma carreira profissional, ser solteira e não ter filhos.

Mas de tudo o que acho mais piada e de grande presunção, é uma mulher que opta por ser mãe (com carreira ou não) criticar a opção de outra que optou por não o ser achando que por isso não é realizada, e as que optam por não ser mães acharem que as que o são ficam frustradas por terem de "perder" tempo a tratar dos filhos em vez de se ocuparem mais delas.

Eu sou mãe de duas crianças lindas. Sou porque quis. O facto de dispensar muito do meu tempo a transporta-los de actividade em actividade, de leva-los e trazê-los da escola, a correria diária, os banhos, a alimentação, a educação, as birras, as noites perdidas, os beijos, os mimos, as alegrias, os xixis na cama, as perguntas difíceis....não são nada frustrantes por me roubarem o tempo de mim, mesmo que seja sempre igual, eu adoro a minha rotina e não a trocava por nenhuma carreira melhor que a que tenho.

Tudo passa por aceitação da diferença. O que é diferente, normalmente, assusta e responde-se pondo à margem ou denegrindo. Tenho amigas que optaram pelas carreiras (umas deliberadamente outras não, e curiosamente das mais chegadas sou a única que tem filhos) e compreendo as suas opções assim como elas compreendem a minha. Sei e percebo francamente onde se sentem mais realizadas, quais os pormenores da vida que as fazem mais felizes assim como acontece o contrário. Não é por isso que elas são menos femininas ou eu, por ser mãe, uma pessoa menos profissional. Vamo-nos realizando de formas diferentes, segundo os padroes e objectivos de cada uma.

Acho que principalmente há que respeitar a individualidade, a especificidade de cada um.

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